Fim de ciclos: Como passar por eles sem neuroses?
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Uma pauta diferente aqui no Blog da Mude, mas que está linkado com o nosso bem-estar, afinal são vários os pilares que envolvem esse tema. Como lidar com os fins de ciclos? Seja de uma relação amorosa ou amizade, ou até mesmo na vida profissional. Enfrentamos esses encerramentos bem mais do que gostaríamos e, mesmo assim, eles são quase sempre muito dolorosos.
Sair de um trabalho que ocasiona muita ansiedade e estresse gera alívio, mas, em seguida, nos deparamos com o medo de não conseguir pagar as contas e com a incerteza de quanto tempo vamos ficar nessa situação. Romantizamos quando falamos para nós mesmos que é porque o novo nos reserva algo melhor ou, na verdade, isso é uma forma madura de encarar o que não pode ser mutável.
Conversamos com o psicólogo Bruno Callegari para nos ajudar a nos entender melhor durante essa fase. Mas uma coisa podemos garantir: ela é totalmente natural!
O fim faz parte
Apesar de termos que lidar com o fim de alguma coisa em cada etapa da nossa vida, temos sempre muita resistência. A clássica perguntas nos atravessa: “Por que está acontecendo isso comigo?”, a resposta não tão satisfatória e realista é: o fim faz parte. O início do processo começa, em muito, com a aceitação de cada etapa, e isso inclui tudo que há nela: a dor, o desconforto e o luto. Uma lacuna se abre, deixando um vazio.
“A gente não aprende em nossa sociedade a estar nesses momentos e encará-los como uma etapa que vai passar. Estamos sempre na tentativa de pular esses momentos, as pessoas se inserem em diversos contextos para evitar o que está sentindo. Lidar com o fim é deixar o corpo digerir o momento, esse é um bom ponto de partida, se dar tempo, sentir o que precisa sentir. Nosso contexto imediatista e nossa relação de querer estar sempre feliz para evitar a dor da questão, dificultam esse processo. Reiventar a falta e a perda já não se preenche mais com o que um dia já o preencheu”, pontua Callegari.
A falsa sensação de segurança é algo necessário para muitos de nós, mas entender que não existe garantia de permanência em nenhuma área da vida é algo que precisa ser trabalhado no consciente. Fortalecer outras áreas da vida ainda não torna fácil a perda em questão, mas torna menos complexa a recuperação pós-termino/fim daquele lugar em nossa vida.
O fim precisa sempre ser sofrido?
O que foi nos ensinado é que os fins são ruins e devem ser evitados. Mudar a relação que estabelecemos com "fins" é um processo árduo. Então, sim, muitos términos serão dolorosos, mas muitas vezes eles serão sofríveis porque não queremos aceitar o lugar que estamos e, com isso, sentimos dor.
“Queremos aquilo que julgamos nos caber ainda que continue, ignorando que há um outro que pode simplesmente querer galgar nossos projetos, que talvez não nos inclua, e daí ainda temos uma dor do ego ferido, pois nossa autoestima tende a se pautar muito no outro, se esse outro não me quer então meu valor é questionável. Temos dificuldades em lidar com os desencontros, com os atritos de existências que nem sempre vamos entender o porquê e ficamos procurando onde houve erro”, explica Callegari, o porquê os fins se tornam sofridos.
Callegari continua: “buscamos culpados, erros, hipóteses do que poderia ser diferente, isso tudo nos afasta de como realmente lidar com a situação: o fim — e insistir num lugar que não nos pertence mais. Ao invés disso, agora é um momento propício de investir o nosso sagrado tempo em novos projetos que, ao longo do processo, trarão novas possibilidades. Acabamos buscando por respostas hipotéticas que nada tem de poder concreto no agora.
Quando os fins esbarram nas estruturas sociais
Uma pessoa que passa anos numa empresa e é desligado e passa a ter medo de não conseguir se realocar no mercado. A outra terminou um relacionamento de anos e tem medo de não amar ou ser amado de novo. Além de lidar com o caos do sentimento “o que vem por aí?”, existem os complicadores sociais que dificultam ainda mais esses momentos, como as relações de trabalhos e os ideias românticos — e somos todos reféns dessa estrutura.
“É importante ter em mente o seguinte: quais são meus projetos que são de fato importante para mim e que lugar essas relações ocupam na minha vida? Mas isso é uma mudança de paradigma, difícil de mudar se não tivermos um trabalho ativo em reformular quais são nossos valores internos. O emprego é algo que te serve, não precisa ser o que te significa como sujeito, por exemplo”, explica Callegari.
Achamos que o status do nosso relacionamento e o nosso emprego nos definem por nos fazerem sentir pertencentes em certos grupos ou isolados de outros. Mas, na verdade, o que vemos como fim, como uma entrevista que não deu certo, por exemplo, algum amigo que já não tem a mesma vibe que a sua… pode ser um redirecionamento na rota para um encontro consigo mesmo.
Existir é experimentar.
Nesses períodos de mudanças drásticas na vida, tendemos a querer mudar o visual, sair com os amigos ou começar a frequentar a academia. Callegari afirma que não há nada de errado nisso, tudo fortalece o senso de mudança nesse período, mas que é paliativo: “Primeiro aceite os impactos da mudança, pra depois construir novos lugares, sem se atropelar. Reforço isso porque não é o que temos como hábito assimilar nossas dores”, reforça.
Existir é experimentar-se. Teste aquilo que pode te trazer satisfação, mas procure equilíbrio, porque dormir, por exemplo, pode ser descanso, mas só dormir é sinal de abandono. Esteja pronto para as novidades, aceitar o inusitado como uma experiência, que pode agregar, fazer você se redescobrir.
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