Novembro Azul: Saúde masculina de homens trans também deve estar em pauta
Chegamos no mês de Novembro e com ele temos o movimento "Novembro Azul", em que promovemos a conscientização sobre a prevenção e o tratamento do câncer de próstata.
A gente está aqui para te lembrar que não são só os homens cis que têm a próstata. Mulheres trans, Homens trans, travestis e algumas pessoas não binárias também têm essa glandulazinha e precisam ter atenção com o câncer de próstata também. Afinal, depois de muita luta, essas pessoas conseguiram ganhar um pouco de voz na sociedade e seus diretos devem ser respeitados, e isso inclui o acesso à saúde.
Mas será que essas campanhas de prevenção incluem a pluralidade de corpos, como os das pessoas trans, que são aquelas cuja identidade de gênero transcende as definições convencionais de sexualidade? Conversamos com Brinco, homem trans e artista, que nos ajuda a entender mais sobre o assunto.
Foto: Projeto Brasil com S
Nos meses de outubro e novembro, as campanhas de outubro rosa e novembro azul chegam para conscientizar as pessoas sobre a importância de se fazer os exames de mamografia e próstata. Porém, essas campanhas excluem a população trans, principalmente aqui no Brasil. Essa população precisa lidar com a invisibilidade que seu corpo carrega.
“Quais as campanhas que representam as transmasculinidades? Não somos lembrados quando o assunto é gravidez, menstruação ou qualquer assunto que seja genitalista. Ligamos a vagina somente ao corpo de uma mulher cisgênera.”
Foto: Projeto Brasil com S
Alguns estigmas sociais e preconceitos acabam afastando esse público dos tratamento e exames que precisam ser feitos. Além disso, a falta de acolhimento nas campanhas e tato dos médicos com os pacientes dificulta cada vez mais a situação para a população trans, já que muitos médicos não os enxergam pelo gênero que os representa.
“Já passei por vários endocrinologistas que disseram que não tinham aprendido “essa parte” na faculdade e por isso me indicava a procurar o próximo profissional mais capacitado. Pois bem, quais os interesses da medicina em manter corpos similares ao meu vivos?”
Além do nenhum respeito por parte de muitos médicos, Brinco conta que até chegar dentro do consultório o tratamento dos profissionais também é extremamente transfóbico.
“Grande parte da população, assim como eu, muitas vezes se automedica de maneira ilegal afim de não passar pelo constrangimento que é estar em um hospital.”
Foto: Projeto Brasil com S
Brinco acredita que corpos transvestigêneres precisam, de alguma forma, trabalhar com algo vindo do próprio corpo por conta da dificuldade de inserção no mercado de trabalho formal. Por isso, no meio da pandemia ele criou sua marca, @brinkoderabisk, em busca da sua autonomia financeira.
“Os desenhos sempre vêm de coisas que me atravessam, fiz coleções sobre partes de corpos transmasculinos e estampei em camisetas que vi os meus usarem e isso me causou muita felicidade.”
Reprodução Instragram @brinkoderabisk